O impacto da política externa da China e a situação do mercado argentino na estrutura hierárquica global

Resumo

A primeira década do século XXI caracterizou-se por acontecimentos cruciais que conduziram a uma mudança na dinâmica económica mundial. Neste contexto, a crescente importância económica da China teve um impacto significativo na América Latina, particularmente no Mercosul e na Argentina. Este fenómeno deu lugar a uma nova ordem mundial, onde os actores não estão totalmente definidos e as mudanças globais afectam as relações estratégicas entre as nações, transformando os paradigmas que orientam os representantes regionais. As transformações globais obrigam os países a se adaptarem a uma nova realidade, modificando seus padrões tradicionais de relacionamento tanto na esfera econômica quanto na política internacional. Nesse contexto, surge a pergunta: qual a natureza da convergência entre as políticas de comércio exterior da China, do Mercosul e, em particular, da Argentina, tendo em vista que partem de realidades diferentes, mas com a intenção de coincidir?  Para responder a esta pergunta, serão analisadas as convergências económicas entre a China, o Mercosul e a Argentina, com especial ênfase na influência sobre as regiões argentinas. Serão investigados os fluxos comerciais transfronteiriços, com uma visão complexa e multidimensional das relações entre estes actores. O contexto de globalização e integração económica levou à emergência da China como líder económico mundial, expandindo a sua influência na América Latina, incluindo as suas relações com o Mercosul e a Argentina. Embora os acordos comerciais entre estes actores tenham vindo a aumentar desde a década de 1990, foi a partir de 2000 que ganharam grande dinamismo, acentuado ainda mais com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) no final de 2001.  Serão examinados os fluxos comerciais entre a China, o Mercosul e a Argentina, incluindo as fronteiras políticas. Além disso, a disponibilidade de reservas no mercado de capitais chinês leva-nos a questionar os interesses que motivam esta economia a investir as suas divisas no nosso país. Esta questão leva-nos a definir o interesse financeiro da China na sua relação com a Argentina, não como um facto isolado, mas no contexto da conceção das políticas externas em que este país está imerso nas estratégias gerais em relação à América Latina.